sábado, 29 de novembro de 2014

E ASSIM ME DEIXEI CORTAR...



     Gosto de divagar. Talvez por ser uma pessoa sonhadora, embora menos sonhadora que ontem. Gosto de lembrar do ontem, embora , muitas vezes, me sinta como se tivesse vivido várias vidas em uma. Penso nas pessoas que se foram porque quiseram ir e naquelas que simplesmente se foram. Penso naquelas que conhecemos todos os dias e que nos selecionam ou que selecionamos neste caminho tantas vezes bifurcado desta viagem chamada existência.
     Constato que, quase sempre, é difícil lidar com as pessoas e como sou uma pessoa, que quase sempre é difícil lidar comigo mesma. 
     Pessoas... pensamentos... passado... presente... futuro... 
     Será que se soubéssemos o que as pessoas pensam, seríamos mais felizes ou nos afundaríamos em um mar de desilusões e dores de todo tipo?
     O dicionário diz que  felicidade é "o concurso de circunstâncias que causam ventura". e como é impressionante como, para cada pessoa, isso funcione de forma diferente. E me pergunto; o que é felicidade para mim? Imagino a busca da felicidade como um cubo mágico. Você fica ali tentando colocar cada cor em uma face do cubo, ficando  horas e horas ou dias, meses ou a vida inteira tentando, mas, muitas vezes,sem sucesso  e, mesmo assim, permanece ali naquele mesmo ponto, batendo na mesma tecla sem se dar conta de que  a felicidade é dispor de cores diferentes lado a lado numa combinação individual e intransferível, trazendo a liberdade de ordenar as cores do jeito que cada um quiser. A disposição das cores no cubo mágico de um, nunca será igual ao do cubo mágico do outro. 
      Quantas amizades são perdidas, quantos amores passam a se desconhecer devido a essa tentativa de homogeneidade de tudo e de todos.
       Ontem vi o desespero de uma grande maioria em aproveitar ao máximo a Black Friday. Como somos conduzidos à vida de gado. Perdemos a nossa individualidade, nos perdemos sem perceber devido a uma vida corrida e autômata.  Viramos ranzinzas nas mínimas coisas. Não vemos aquilo que realmente interessa e vamos largando e sendo largados pelo caminho. Nascemos com inteligência, mas muitas vezes não somos inteligentes. Vivemos movidos pelas paixões e por influências externas.
      Admiro o autêntico.Admiro quem se joga numa piracema existencial e simples e admiravelmente "é" com toda a sua essência, com a autenticidade de uma criança. 
     Gosto de divagar e devagar observo em meio a esse caos urbano e desumano de ideias plantadas e confusas o ser humano em cada um,o ser humano em mim .Observo ações de grandioso e desinteressado amor em pessoas diferentes e nas mesmas pessoas.Acho que tenho um pouco de Ricardo Reis, um pouco de Cecília, um pouco de Bandeira e de Clarice Lispector. Tenho muito de mim mesma e bastante dos outros.
      Renovo-me em meio a inúmeras podas sociais e em cada retorno de mim, em mim e para mim , fortaleço-me, reinvento-me e  me vento espalhando sementes de mim mesma por todos os lados dessa vida.
      

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