quarta-feira, 15 de junho de 2011

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/06/mae-de-aluno-e-suspeita-de-agredir-professora-em-escola-no-rio.html

Texto enviado por profº do Estado ao Programa do Faustão após a entrevista de Amanda Gurgel

Gostaria de acrescentar alguns dados ao que foi colocado pela Prof. Amanda Gurgel no programa de hoje.

Sou professor do Ensino Médio no Estado do Rio de Janeiro e nossa situação é quase idêntica a que foi colocada.

Eu digo quase porque temos alguns agravantes que passo a relatar:

1 – Recebemos alunos oriundos do Ensino Fundamental que muitas vezes sequer sabem ler e, quando sabem, não conseguem entender o que leem.
2 – O Governador prometeu, na campanha do primeiro mandato, colocar na Sec. Est. De Educação pessoas oriundas da Educação. Já está no segundo mandato e NUNCA cumpriu a promessa. Ao contrário disto, colocou pessoas com formação técnica que estão tratando a Educação como um número a ser melhorado esquecendo que Educação está ligada a área de Ciências Humanas, ou seja, lida com gente, pessoas.
3 – O Governador pinta, à frente das luzes e câmeras, um cenário maravilhoso pra nós mas, nos bastidores, estamos sendo humilhados, ameaçados e fiscalizados. Na verdade, está sendo imputada a nós a culpa pela situação da Educação no Rio de Janeiro e, da mesma forma, colocada sobre nós a responsabilidade por reverter esta situação.
4 – O mesmo Governador, ainda na primeira campanha, prometeu incorporar aos salários a gratificação chamada de “Nova Escola” mas somente no final do primeiro mandato apresentou um plano de incorporação em parcelas que só será concluído em 2015. O lado mais sórdido disto é que os professores que já recebiam esta gratificação não estão ganhando nada além do que já ganhavam e estão condenados a ficar sem aumento até 2015.
5 – Ainda na frente das câmeras, o Governador diz, por exemplo, que “os professores ganharam notebooks” fazendo o público acreditar que TODOS os professores tem notebooks e que estes foram dados. Isto está longe de ser verdade. Nem todos os professores receberam o notebook e os que receberam tiveram que assinar um termo se comprometendo com a devolução em caso de aposentadoria, exoneração e até mesmo licença médica por mais de 90 dias. Assim sendo, não ganhamos nada.
6 – O Plano de Metas que será usado para calcular uma possível gratificação tem aberrações que tiram pontos das escolas como:
a) Índice de alunas grávidas (como se nós tivéssemos como determinar o que cada aluna pode ou não fazer com o seu corpo).
b) Índice de alunos(as) que apresentam problemas de envolvimento com drogas (como se nós pudéssemos entrar em sala e perguntar: “Quem aí usa drogas????”).
Como se não bastasse, o tal plano tem por objetivo indireto, colocar professores e profissionais de ensino uns contra os outros. Explicando: Se um professor falta muito, mesmo que o diretor faça o que deve ser feito (registrar a falta, dar advertência, etc). a escola perde pontos e, consequentemente, todos as pessoas lotadas na escola perdem.
7 – A evasão escolar está sendo usada apenas para o que o Governo chama de “Otimizar turmas”, ou seja, extinguir turmas com MENOS DE 30 ALUNOS formando turma com até 50-60 alunos.
A consequência disto, além é claro da queda de qualidade das aulas e aproveitamento dos alunos, e a perda de carga horária do professor fazendo-o procurar a Coordenadoria para conseguir alguma escola para complementar a sua carga.
Neste caso, na maioria das vezes ele acaba tendo que mudar sua rotina radicalmente e se for assim ainda tem que dar graças a Deus pois como o processo se otimização acontece em toda a rede, são muitos os professores com carga horária “roubada” e muitas escolas com turmas “otimizadas”
É o Governo diminuindo a carência de professores pela diminuição do número de turmas (algo como acabar com a pobreza matando os pobres).
8 – Como não poderia ficar de fora, temos também a questão do salário. Um professor recém empossado tem como salário líquido R$ 681,44. Somente no início deste ano letivo passamos a receber auxílio para transporte e mais nada.
O Governo vem falando de um auxílio cultural mas até agora nada está certo.
Quanto à alimentação, vale o que foi dito no seu programa. Oficialmente o professor é PROIBIDO de se alimentar com o que é servido aos alunos.
Mas não recebemos nenhum auxílio alimentação…

Enfim, estamos vivendo uma crise geral onde nós professores nos vemos pressionados, sem recursos, sem dinheiro, sem futuro, sem apoio da sociedade, sem qualidade de vida, sem convívio familiar.... resumindo, vivendo sem vida.

Utilidade pública



Meus queridos

     Embora a mídia não tenha dado o devido valor ao caso, temos a internet para nos mobilizar.Já ouvi muita gente falar que não entende o porquê de os professores da rede estadual estarem em greve.Já ouvi até a seguinte pérola:" Isso é uma palhaçada!"
     O fato é que ninguém mostra o que realmente está em jogo e mascaram a realidade.Conto com vocês para espalhar na rede uma corrente de apoio aos professores.Vamos parar de discursar. É hora de esclarecer e de realmente fazer algo pela educação deste país. Comecemos esta corrente entre nós e espalhemos para o máximo de pessoas que conseguirmos.
Assim como a população apoiou os bombeiros, colocando fitas vermelhas em seus carros, coloquemos uma peça da cor preta: uma fita, uma blusa, uma pulseira... mostrando luto pela educação de nosso país.
Conto com vocês!!!!
Professor não é palhaço!


Para quem tem dúvida ainda dos motivos da greve, segue:
Motivos para a Greve:
- Farsa da Meritocracia ;
- parcelamento do Nova Escola até 2015;
- criação de bônus apenas professores de português e matemática;
- salário miserável e humilhante, necessidade de trabalhar em várias escolas para completar renda, diminuindo a qualidade do trabalho do professor por falta de tempo para planejamento e reciclagem;
- Currículo mínimo com matriz curricular empobrecida;
- Ralo de dinheiro público com a terceirização, aluguel de computadores e ar condicionados;
- Falta de técnicos e profissionais na escola (OE, Coordenação, inspetores de alunos);
- Ameaça de mexer, novamente, em nosso Plano de Carreira, acabando com o adicional por tempo de serviço;
- Turmas superlotadas;
- Sistema Conexão Educação que não funciona direito;
- Descaso com os profissionais aposentados;
- Enquadramentos por Formação congelados;
- Falta de devolução do valor descontado indevido do Nova Escola e GLP (por anos);
- Falta de concurso público para funcionários de apoio;
- Plano de Cargos, Carreiras e Salários engavetado dos profissionais de apoio
- Fechamento de 22 escolas de atendimento noturno;
- Oferta de trabalho escravo GLP - R$ 516,00
- Imposição da prova do SAERJ avaliando os professores de matemática e português