Algumas vezes, ingrata,
Não lhe dou valor devido
Tento concatenar ideias
E me perco
Mesmo sem sair do lugar
Numa tentativa inútil
De ouvir meus pensamentos
Tem uma batida incômoda
Invade meu quarto
Deixando-me sobressaltada
Em fração de segundos
Parte da parede
Desmorona
Vejo as vigas
Uma coluna em construção
O buraco foi feito
Todo equilíbrio das cores...
Foi embora
Não em boa hora
Tento escrever
O silêncio escapa-me.
Poeira todo o tempo
E trancada em minha casa
Ouço britadeiras, talhadeiras
Num trabalho incessante
Mal ouço meus pensamentos
Insisto em escrever
As obras digladiam-se
Uma,completando-me
Outra, atordoando-me
Fim da tarde
Ai, silêncio,
Que saudade de você!
Ana Cristina Rosito