segunda-feira, 23 de maio de 2016

NÃO EXISTE POESIA NA VIOLÊNCIA

          



        Na cidade do Rio de Janeiro, não está fácil de se morar. Um trânsito caótico, com obras para todos os lados enquanto escolas e hospitais sobrevivem só "porque Deus quer".A cidade olímpica que aguarda a chegada da tocha está vivendo uma crise em todos os níveis. Seu governador está afastado para tratamento de câncer, a polícia trabalha em condições precárias para tirar os bandidos -que são muitos- das ruas. Alunos ocupam as escolas estaduais em protesto pelas péssimas condições em que elas se encontram e são retirados à força à base de spray de pimenta da Seeduc e nem os direitos humanos nem os defensores do Eca se manifestam. Ah, e só uma observação: policiais, alunos, médicos, pacientes e professores são seres humanos, viu?
          Pessoas saem de casa e não sabem se voltam devido à violência sem freio que só faz aumentar a cada dia.  É assustador.Os hospitais lotados sem condições de funcionamento. Funcionários públicos ativos e inativos nem sabem se receberão seu pagamento. O Aedes aegypti por aí pronto para derrubar mais um na cama. A prestação dos serviços está péssima. E devo ter esquecido de alguma coisa. Peço que me perdoem por isso.
           Vocês acreditam que, durante os jogos, a população não poderá usar a linha 4 do metrô? Só quem possuir ingresso para a Rio 2016 é que poderá utilizar o serviço durante as olimpíadas.
           Estamos muito mal de governantes.Falo do Rio, , mas o restante do país também não está um mar de rosas. Brasília então... Nunca se pensa na população. O que há é uma luta pelo poder. Nem o voto por aqui vem valendo grande coisa.
          Ando enojada. Parece que vivemos uma era de colapso na qual tudo está desgovernado.
          Tenho evitado falar sobre política. Tenho evitado reclamar das situações que vejo no noticiário da TV ou pelas ruas desta cidade, mas hoje não aguentei. 
           Desculpem-me se hoje o texto não está poético ou com uma construção impecável, mas hoje não consigo ver poesia neste caos. Infelizmente, este poema  que escrevi nos anos 90 está mais atual do que nunca:
  
                       [...]
É tão normal olhar pela janela em movimento,
Ver gente mendigando na calçada
E ir trabalhar.
Não há tempo pra mais nada

Se é mais um entre milhares
Do noticiário da TV
E pra quê pensar na miséria
Se é o que mais se vê
E não nos atinge (?)

Até que a fome nos bata à porta
Até que se conheça aquela criança morta
Na calçada
E aí não haverá mais tempo
Seremos vítimas do nosso próprio descaso
                       [...]

        Outra coisa que repito aqui: O Rio de Janeiro não se resume a Corcovado e Pão de Açúcar, ok?
        Provavelmente, durante os jogos olímpicos, haverá um reforço policial para a proteção dos turistas, mas não se iludam , o Rio de Janeiro não está uma cidade segura nem para andar de bicicleta.






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