quinta-feira, 26 de março de 2020

AS COMPRAS NO SUPERMERCADO

     

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       Hoje escrevo já utilizando meu computador. O dia iniciou-se tranquilamente. Consegui acordar um pouco mais tarde, fiz o que tinha que fazer em casa, assisti aos telejornais para manter-me informada, passei as listas de compras para um papel - a lista de minha mãe, de minha sogra e a nossa- para podermos ir ao supermercado. 
    Saímos com uma garrafinha de álcool em gel, 2 pares de luvas e duas máscaras- os dois últimos itens guardados para quando fôssemos levar as compras para nossas mães por medida de segurança- esperamos o elevador meio inseguros sem saber se viria com alguém o que não se tornou um fato.Entramos no elevador e tocamos com a pontinha de um dos dedos no botão do térreo. Descemos sem encontrar ninguém além dos porteiros que nos olhavam assustados.
      A rua, quase deserta para uma quarta-feira, dava-nos uma sensação esquisita. Seguimos. Chegamos no supermercado que fazia parte de  uma rede nova no Rio de Janeiro. Corredores quase desertos, um silêncio, marcas em falta... Cartazes  informavam que a quantidade de produtos estava limitada por pessoa.
     Encontramos um casal amigo nosso que não víamos há um certo tempo. Todos nós ficamos alegres, mas ao mesmo tempo sem saber o que fazer. Era estranho não abraçá-los. Era estranho convencer-nos de que era estranho, pois sabíamos que era daquele jeito que tinha que ser, mas nossa amizade pedia um abraço caloroso, beijos na face, apertos de mão... Mas, naquele momento, era necessário manter-nos afastados e respeitoso mantermos distância. Demos um tchau de longe e seguimos com nossas compras, até que resolvemos só levar água e fomos devolvendo todo o restante às prateleiras. Sim, deu trabalho, mas isso também é uma questão de respeito. Seguimos para o caixa, eu e meu marido, meio que incomodados. Todo mundo  olhava-se com um medo, um estranhamento... Começou a me dar agonia. Havia faixas no chão para que fosse respeitada a distância de um metro entre as pessoas.Faixas que se alternavam entre o vermelho e o amarelo. A moça do caixa de máscara e luvas nem falava. mal nos olhávamos. Ah, esqueci de mencionar: antes de entrarmos, usamos álcool em gel com um lencinho de papel para higienizar a parte do carrinho na qual apoiamos nossas mãos.
     Enfim, fomos a outro supermercado. Antes de entrar no carro, higienizamos as mãos mais uma vez. Chegamos em outro supermercado que estava mais cheio. Ali não havia cartazes limitando quantidades.Mesmo processo: álcool nas mãos, álcool no carrinho. Faltavam também mercadorias. No lugar do sabonete, pacotes de toalha de papel; no lugar do desodorante feminino, uma prateleira vazia. Assim, foi acontecendo: detergente neutro, desinfetante, farinha de trigo, água com gás... Os ovos de Páscoa pendurados pareciam ali meio que sem sentido.  Fizemos as compras, conscientemente, levando só o que era necessário, pagamos e saímos. Higienizamos as mãos novamente antes de entrar no carro e seguimos para a minha mãe. Ruas quase desertas, mas com bastantes carros de polícia. Paramos o carro. Meu marido colocou a máscara e as luvas e tirou os sapatos. Sim, tirou os sapatos depois, porque, com tantos detalhes, esquecemos. Mas tirou daquele jeito conhecido de primeiro, um pé calçado tira o sapato do outro pé e depois o outro pé com meia tira o sapato do pé calçado. Não sei se deu pra entender, mas o objetivo da frase é dar a entender que não foram usadas as mãos para tirar os sapatos! - Ops! Tanto detalhe assim faz surtar, minha gente!
     Pois bem.Mercadoria entregue, conversas de máscara feitas à distância, ficando eu do lado de fora.     Eu não via minha mãe pessoalmente desde o sábado anterior. Isso é realmente dolorido, pois minha rotina é vê-la quase todo dia. Vê-la à distância é irritante, eu diria, mas se é assim que tem que ser por hora, que seja. Só desejo, sinceramente, que isso tudo passe logo.
    Continuando... Não sei quanto a vocês, mas só de contar essa saga, estou cansada.
   Mas vamos lá: Demos "tchau" à distância e fomos para a casa da minha sogra. Mesmo processo de higienização. Ruas quase desertas. AV. Brasil e Linha Amarela quase sem carros.Isso é inacreditável para quem mora no Rio. Estacionamos o carro e ,  de luvas, levamos as mercadorias e também de máscaras. Entramos no elevador e, quando nos olhamos no espelho, parecia cena de filme de epidemia. Algo surreal. Nós dois de luvas e máscaras. Deixamos as mercadorias. Vimos minha sogra de longe. Mesmo processo de tirar os sapatos. Naquela cena aparentemente ridícula, todos rimos, mas com a certeza de que era o melhor a se fazer.
    E mais uma vez higienizamos as mãos. Sei que estou pulando alguns detalhes, mas é porque,se for minuciosa, terei que dividir em capítulos nossa saída de hoje. 
   Voltamos para o prédio ainda com máscaras e vimos os porteiros assustados. Paramos o carro, higienizamos as mãos, meu marido foi pegar o carrinho do prédio e higienizou o carrinho. Luvas jogadas fora. Eram para protegê-las, não a nós. Subimos o elevador, repetindo o ritual, entramos sem sapatos em casa. 
   Quando fui arrumar as compras com toda preocupação de higienização já estávamos exaustos, porém felizes, porque a missão fora cumprida: preservar nossas mães e meu tio da contaminação desse vírus.    Cabe ressaltar que só saímos,pois foi necessário mesmo e tentamos seguir as recomendações dos especialistas.  Peço que as pessoas sejam conscientes nisso e também quando fazem compras. Comprem só o necessário. Saiam só se necessário. Cuidem-se e cuidem do outro. 
   Quanto ao álcool em gel? Não o encontramos. Se alguém encontrá-lo por aí, mande lembranças. 


2 comentários:

  1. O amigo era eu. A amizade é a minha. E nessas horas é que notamos a importância disso tudo. Vida longa!

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  2. Sim. Acho que este é um momento de reflexão e de teste de nossas forças e de controle sobre nós mesmos. São tempos difíceis, mas que passarão. Só aquilo que é verdadeiro permanecerá. Obrigada pelo comentário. Um forte abraço e siga firme! Vida longa, amigo!

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Um forte abraço.